A escola do meu filho está em greve. E agora?

Saiba o que fazer - e o que não fazer - caso o seu filho esteja sem aulas por causa da paralisação dos professores

Texto Marina Azaredo

Uma alternativa é juntar as crianças da vizinhança e chamar um professor para fazer atividades

Hoje pelo menos 1,7 milhão de crianças brasileiras não foram à escola e provavelmente não irão nos próximos dias. Férias? Não, pois, como sabemos, ainda falta mais de um mês para julho e para as férias de inverno. Acontece que professores de sete Estados do país estão em greve, cada um com suas reivindicações: Amapá, Sergipe, Paraíba, Santa Catarina, Alagoas, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, e Ceará (nos dois últimos Estados, apenas os professores municipais das capitais estão parados). 

A principal reivindicação dos professores é, claro, o reajuste salarial. Nada mais justo para uma categoria que todos sabem que sofre com a desvalorização (vale a pena ver o desabafo da professora Amanda Gurgel). Mas, enquanto os professores lutam por seus direitos, os pais acabam ficando meio perdidos, sem saber o que fazer com as crianças em casa - e o pior: sem saber quanto tempo vai durar essa situação. 

"A greve acontece, faz parte da vida real. Durante esse período, os pais têm de continuar estimulando as crianças", afirma a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano. Ela mesma enfrentou duas greves quando era estudante: a primeira quando ainda estava no Ensino Fundamental e morava em Dourado, no interior de São Paulo; a segunda quando era aluna da Universidade de São Paulo. "Os professores têm o direito de lutar por melhores condições de trabalho." 

Para a professora de Inglês Dayane Possoli, o primeiro passo numa situação como essas é buscar informação. "É importante procurar conhecer os motivos da greve e participar das assembléias e manifestações", diz ela, que leciona na rede estadual de Santa Catarina e está em greve desde o 18 de maio. Além disso, ela sugere diversas atividades que podem ser feitas com as crianças para que elas não percam totalmente o ritmo durante a paralisação, como visitar sebos e reformar o material escolar. 

Saiba o que fazer - e o que não fazer também - se a escola do seu filho estiver em greve:

1. Procure jogos e brincadeiras educativas. É importante continuar estimulando a criança, mas de uma forma mais lúdica. Não adianta querer dar o conteúdo que ela deveria estar aprendendo na escola, pois você não tem formação para isso - caso não seja professor, claro. 

2. Invista na leitura. Leia com seu filho, leve-o até uma biblioteca, sebo ou livraria e também incentive-o a ler sozinho, desde livros até gibis e revistas. A leitura é uma atividade simples e que cumpre bem o papel de continuar estimulando-o intelectualmente. 

3. Aposte na escrita. Escrever é uma das principais atividades feitas na escola, por isso é importante que as crianças não parem durante a greve. Sugira que seu filho escreva um diário ou peça que ele escreva uma história por dia, por exemplo. 

4. Não tente ensinar a matéria que ele supostamente deveria estar aprendendo na escola. Isso é trabalho para professores. Quando acontece uma greve, os professores têm obrigação de repor as aulas depois - toda escola tem obrigação de oferecer 200 dias letivos ou 800 horas de aula aos alunos. É lei! 

5. Caso a greve se estenda por muito tempo e você esteja realmente preocupado, uma possibilidade é juntar um grupo de crianças - podem ser os colegas de escola do seu filho ou as crianças da vizinhança que também estão sem aulas - econtratar um professor particular para fazer algumas atividades com a criançada. Uma ou duas horas por dia já são suficientes. 

6. Revise o conteúdo aprendido nos primeiros meses do ano letivo. Peça que seu filho refaça alguns exercícios dos livros, por exemplo. Assim ele voltará às aulas com todo o conteúdo na ponta da língua. 

7. Se quiser exercitar um pouco de matemática com o seu filho, peça que ela faça algumas atividades domésticas, como as contas da casa (água, luz, telefone). 

8. Se o seu filho gosta de usar a internet, incentive-o a navegar em sites educativos. Muitos desses sites estimulam intelectualmente a criança enquanto ela se diverte. 

9. Aproveite para atualizar o material escolar. Ajude-o a reformar os cadernos e livros, deixando tudo organizado para quando as aulas recomeçarem. 

10. Além de Português e Matemática, você pode aproveitar fatos do dia a dia da criança para falar de outras matérias. A Copa Libertadores da América, por exemplo, é um ótimo pretexto para falar de Geografia. Peça para o seu filho fazer uma pesquisa sobre os países dos times que estão na competição, como clima, idioma, moeda etc. Depois ele pode apresentar os resultados da pesquisa para toda a família. 

11. Não critique os professores por causa da greve. Isso só vai fazer com que seu filho passe a desrespeitar os educadores no retorno às aulas. Lembre-se: todas as categorias têm direito de exigir melhores condições de trabalho. 

12. Lute você também por seus direitos - no caso, a volta às aulas. Assim como os professores têm direito de exigir um salário melhor, você tem o direito de exigir Educação para o seu filho. Acompanhe as negociações dos sindicatos com o governo e pressione as autoridades para que resolvam a situação imediatamente. E não esqueça: o dia letivo não pode ter menos de 200 dias letivos ou 800 horas de aula!

Fonte: Site Educar para Crescer